A redução de leitos, o fechamento de unidades e, consequentemente, a superlotação das maternidades públicas e privadas do Estado da Bahia voltam a preocupar a classe médica, recentemente. Após receber novas denúncias de profissionais relatando péssimas condições de trabalho, o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), juntamente com o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) e a Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), resolveu, mais uma vez, acionar os órgãos públicos competentes.

Através de ofício, protocolado em regime de urgência na última quarta-feira (6), além de cobrar providências, representantes das entidades médicas relataram ao secretário estadual de Saúde, Fábio Villas-Boas, fatos que comprovam o caos no setor de obstetrícia na Bahia. Entre as queixas recebidas pelo Cremeb, as mais severas estão direcionadas às Maternidades Climério de Oliveira (MCO). A superintendente da unidade, Dra. Mônica Almeida Neri, relatou ao Cremeb que o hospital tem apresentado uma taxa de ocupação na ordem de 400% da capacidade instalada no setor de emergência.

De acordo com a profissional, os riscos de comprometimento da qualidade e segurança da assistência ao paciente, de danos e morte, associados a um surto infeccioso, são preocupantes em função da superlotação imposta à unidade. Para o presidente do Cremeb, conselheiro José Abelardo de Meneses, situações como essa são inadmissíveis. “O caos na obstetrícia na Bahia não é novidade, mas agora agudizou. Não podemos ficar paralisados diante de uma crise que resulta em riscos à segurança dos profissionais de saúde e, principalmente, à vida dos pacientes”, declarou.

Na Maternidade Tsylla Balbino, a situação não é diferente, segundo relato de uma profissional, que chegou a afirmar ter vivido o pior dia da sua carreira como médica na última segunda-feira, dia 4. “Cheguei na unidade e encontrei um quadro que só poderia ser justificado se estivéssemos em guerra, em pleno campo de batalha. Havia pacientes internadas em todas as macas e algumas em cadeiras. Mulheres em trabalho de parto, sem que eu pudesse examinar por falta de leitos, e puérperas que passaram a noite sentadas em uma cadeira, segurando os recém-nascidos no colo por falta de berços”, desabafa ela, complementando: “Uma em contato com as outras, dividindo macas e cadeiras, sangue, vômito, líquido amniótico”.

Segundo Abelardo, esse cenário de superlotação é reflexo, principalmente, da redução do número de atendimentos na Maternidade José Maria de Magalhães Netto e do fechamento de 32 leitos no Hospital Sagrada Família (Unidade da Federação). Dados da Sogiba revelam que houve uma queda de aproximadamente 50% no número de partos na Maternidade de Referência. Hoje, segundo a associação, a média de partos na unidade gira em torno de 450 por mês, enquanto esse número já foi de 900/mês.

A justificativa dada pelo secretário Fábio Villas-Boas, de que a responsabilidade desse cenário é do município, não convenceu o presidente do Cremeb. “Por mais que ele tenha as justificativas dele, a população não pode sofrer com essa queda de braço entre estado e município. O que está faltando é sensibilidade para resolver o problema”, afirma Abelardo. Ele informa ainda que, o Cremeb, enquanto autarquia pública que zela pela ordem e ética da medicina, já acionou também os Ministérios Públicos do Estado e Federal, no intuito de unir forças a favor da causa.

Fonte: Cremeb

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