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Conselho Regional de Medicina

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José Hiran da Silva Gallo 

 

 Diretor Tesoureiro do Conselho Federal de Medicina

 

Doutor em Bioética

 

 

Com 1,8 milhão de moradores, Rondônia tem 2.744 médicos. Com isso, a relação médico/habitante no Estado fica em 1,52 profissionais por mil, ou seja, 31% a menos do que a média nacional (atualmente em 2,18). Os dados foram revelados pela pesquisa Demografia Médica – 2018, produzida pela Universidade São Paulo (USP), com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Para quem conhece as dificuldades locais, fica claro que esses números dialogam com a realidade. É evidente que a região precisa de mais médicos, sobretudo especialistas que aceitem o desafio de se instalar no nosso território, garantindo atendimento qualificado para milhares de pacientes e seus familiares.

Rondônia precisa contar com um número maior de profissionais capacitados e, do ponto de vista geográfico, bem distribuídos entre Porto Velho e os municípios do interior. Da mesma forma, é necessário que eles estejam presentes em maior número no Sistema Único de Saúde (SUS).

Contudo, seria por demais simplista reduzir a solução dos problemas do atendimento em saúde em Rondônia e no Brasil ao aumento do número de médicos, como insistem fazer alguns gestores. Trata-se de um caminho óbvio de transferência de responsabilidade, colocando sobre os ombros dos profissionais a culpa por um problema gerado pela incompetência administrativa e pela falta de compromisso com os interesses dos cidadãos.

Em primeiro lugar, a realidade das emergências e dos postos de saúde mostra que o médico brasileiro, em particular o que atua na rede pública, é tão vítima dos desmandos alheios quanto o paciente de quem ele cuida. Infelizmente, esse profissional – que tem sido desvalorizado e desrespeitado – não tem poder de mando e, muitas vezes, é colocado sozinho diante de uma multidão, tendo como única arma o seu estetoscópio.

Nesse momento, torna-se testemunha involuntária da dor e do sofrimento de quem se encontra em situação vulnerável e precisa de ajuda e consolo. Contudo, tanto esse paciente, quanto o seu médico, são colocados numa situação desfavorável, onde faltam leitos, medicamentos, equipamentos de qualidade e apoio de outros profissionais da saúde e de acesso a exames necessários. Resta a ambos – médico e paciente – sofrer as consequências desse descaso orquestrado.

Com esse cenário, o Estado nunca conseguirá aumentar o número de médicos para atender a população nas localidades mais pobres e também dentro do serviço público. Afinal, poucos aceitariam trabalhar em condições tão adversas, assumindo as responsabilidades éticas, civis e criminais por seus atos, que são intransferíveis.

No próximo dia 7 de abril (sábado), comemora-se o Dia Mundial da Saúde. A data que seria um espaço para comemoração, no caso do Brasil, ganhou outros contornos. Aqui, ela se torna oportunidade para promover uma reflexão sobre a saúde que temos e a que queremos. Em síntese, a conclusão é apenas uma: ainda há muito a ser feito.

Obviamente, cada um de nós pode fazer sua parte, ao adotar hábitos e comportamentos saudáveis: como ter uma alimentação equilibrada; incorporar as atividades físicas ao cotidiano; e abandonar o tabaco, as drogas e o consumo excessivo de álcool.

Porém, por mais que se aposte – de forma individual e coletiva – na promoção e na prevenção em saúde, o País precisa que os gestores e os tomadores de decisão se articulem para colocar um ponto final nesta crise que tem se arrastado ao longo das décadas.

Assim, como os médicos têm alertado, para festejar adequadamente o Dia Mundial da Saúde, da maneira como cada brasileiro merece, é preciso oferecer aos cidadãos, à sociedade, mais e melhores profissionais (de todas as categorias) e também mais e melhores hospitais, postos de saúde, laboratórios e equipamentos disponíveis.

Somente desta forma conseguiremos tirar a saúde brasileira da UTI!

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