José Hiran da Silva Gallo
Diretor Tesoureiro do Conselho Federal de Medicina
Doutor em Bioética
Uma das grandes conquistas do Sistema Único de Saúde (SUS) foi a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) que, com o apoio dos médicos, em especial dos pediatras, e de outros profissionais da área da assistência, desenvolveu ações que ajudaram a erradicar doenças infectocontagiosas e a proteger o bem-estar da população.
Os principais beneficiados por essa política têm sido as crianças e os adolescentes, que contam com esse importante projeto para que o círculo de segurança erguido ao seu redor se mantenha ativo. No entanto, números recentes, divulgados pelo Ministério da Saúde, soaram um sinal de alerta e apontam para riscos que tiram a tranquilidade de pais e responsáveis.
Em 2017, a meta do Governo era imunizar 95% das crianças até dois anos. Contudo, os índices ficaram mais baixos, entre 71% e 84%. A situação compromete vacinas importantes, que protegem contra poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, difteria, varicela, rotavírus e meningite. Dentre todas, o melhor desempenho foi observado na vacina BCG (contra a tuberculose), geralmente aplicada nas maternidades, que cobriu 91% de sua população-alvo.
Rondônia e todos os outros estados já foram avisados pelo Ministério da Saúde sobre a necessidade de reavaliarem suas estratégias de coberturas vacinais. A preocupação, conforme a coordenadora do PNI, Carla Domingues, é que, sem a superação das metas em nível local, os brasileiros fiquem desprotegidos e mazelas – como sarampo, poliomielite e outras tantas – voltem a fazer vítimas.
O momento não é de pânico, mas de cautela e ação efetiva por parte das autoridades sanitárias de Rondônia. Mais do que nunca as vacinas têm que estar disponíveis nos postos e a população deve ser estimulada a manter as cadernetas de vacinação em dia. Não há dúvida de que boa alimentação e carinho ajudam no desenvolvimento dos mais jovens, mas quando se fala em doenças infecciosas são as vacinas resolvem.
Por outro lado, o acesso facilitado às vacinas não resolve o problema sozinho. É preciso que os pais estejam atentos a esse dever e levem seus filhos para que recebam as doses previstas. As igrejas e as escolas, entre outras instituições da sociedade, também precisam contribuir com esse esforço, orientando as famílias sobre essa necessidade.
Finalmente, os médicos e as equipes de atendimento, como agentes de prevenção e de promoção da saúde, devem ficar atentos aos sinais e sintomas apresentados por seus pacientes. Qualquer suspeita deve ser investigada e comunicada à Vigilância Sanitária para que as providências sejam tomadas com a maior brevidade possível.
O bem-estar de nossa população depende desse esforço conjunto. Assim, reforçar a cobertura vacinal no País, aumentando seu índice aos níveis esperados, deve ser uma meta a ser atingida em curto prazo. Essa é uma corrente na qual todos têm um papel especial: eu, você, amigos, familiares, vizinhos, professores, profissionais da saúde, autoridades e políticos. Juntos, podemos fazer um futuro melhor para Rondônia e para o Brasil.