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Conselho Regional de Medicina

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José Hiran da Silva Gallo

 Diretor Tesoureiro do Conselho Federal de Medicina

Doutor em Bioética

Em julho de 2017, o plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou uma dura moção de repúdio a comentários feitos pelo então ministro da Saúde, Ricardo Barros, em que usava termos pejorativos para se referir aos médicos e a outros profissionais que dedicam suas vidas ao atendimento da população. Participei da elaboração daquele texto que apontava a inadequação do tratamento dispensado.

“Diante da necessidade premente de união de esforços em torno da superação dos inúmeros problemas que afetam o Sistema Único de Saúde (SUS), são completamente inadequados os comentários pejorativos feitos por autoridades que se mostram desconectadas da realidade do trabalho dos profissionais da saúde, em especial dos médicos, bem como da própria dinâmica de funcionamento do SUS”.

Mais adiante, o documento, que ganhou o apoio de inúmeras outras sociedades médicas de todo o País, afirmava que na incapacidade de responder aos anseios da população, a tentativa de transferir para as categorias da área da saúde, sobretudo para os médicos, a culpa pela grave crise que afeta a rede pública não exime o Estado de suas responsabilidades ou afasta a compreensão da falta da indispensável atenção administrativa.

Infelizmente, o tempo passou, mas a percepção equivocada de alguns gestores e políticos sobre o trabalho realizado pelos profissionais na rede pública permanece o mesmo. No episódio recente, em que o prefeito Hildon Chaves desqualificou diante da população a atuação dos médicos nos postos de saúde de Porto Velho, as declarações do político são no mínimo descoladas da realidade e uma afronta ao bom senso.

O Prefeito parece ter frequentado a mesma escola do ex-Ministro da Saúde. Em lugar de propor respostas efetivas para os inúmeros problemas que comprometem a qualidade do atendimento, cria factoides para desviar a atenção do real problema: a inexistência de planejamento e de compromisso com a condução do serviço público.

Assim, a lógica adotada é a de jogar sobre os ombros dos outros a responsabilidade por situações que estão completamente fora da governabilidade de quem está trabalhando nas emergências e nos consultórios. Afinal, quem pode tomar decisões administrativas e conduzir processos de compra: são os médicos ou são os gestores do Estado?

Não sou adepto de teorias de conspiração, mas a ação perpetrada parece parte de um grande complô para acabar com o SUS, uma das maiores conquistas da sociedade brasileira.

A lógica seria atirar os serviços oferecidos pelo SUS numa vala de incompetência e de desmandos tão grande que a população se sentiria entusiasmada com a alternativa, como a criação de planos populares de saúde. Não por acaso, essa era uma das principais propostas do ministro Ricardo Barros.

Os médicos e a população estão atentos e não permitirão que vinguem ameaças desse tipo e muito menos que cortinas de fumaça, como a levantada pelo prefeito Hildon Chaves, escondam a realidade dos fatos. No lugar de declarações midiáticas, é hora de trabalho, de boa gestão, de transparência, de exercitar competência administrativa.

Nesse momento, em lugar de críticas, espera-se lucidez e diálogo. O Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero) e o Sindicato Médico de Rondônia (Simero) já têm se colocado à disposição para contribuir com esse debate. A eles, agrego o Conselho Federal de Medicina (CFM), onde represento o Estado, que há tempos vem apontando as fragilidades locais na expectativa de promover uma mudança nos rumos da gestão da saúde rondoniense.

Esperamos que o prefeito Hildon Chaves responda positivamente a esse apelo público, participando dessa convergência de interesses em prol do bem coletivo. Se isso for feito, quem ganhará é o povo de Rondônia, que sabe que apenas o trabalho articulado entre os políticos e os administradores do Estado com os médicos, os profissionais da saúde e a sociedade organizada recolocarão a assistência à população na rota da qualidade.

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