A semana termina com uma boa notícia: 22 estados e o Distrito Federal já vacinaram 1,5 milhão de pessoas contra covid-19. Isso representa 0,71% da população do País. Até o momento, não eram conhecidos os dados de apenas quatro unidades da Federação: Amazonas, Goiás, Tocantins e Rondônia. Com o repasse dessas informações, nos próximos dias, esse total deve avançar ainda mais.

No cumprimento dessa tarefa, se não houver maiores intercorrências, o Brasil terá a seu favor a competência do Programa Nacional de Imunizações (PNI), considerado uma referência no mundo quando o assunto é campanha de vacinação. Graças ao seu desempenho, o País erradicou a poliomielite e conseguiu elevar os índices de cobertura vacinal, sobretudo de crianças e de adolescentes.

São fatos animadores, mas que, infelizmente, não nos permitem repousar em berço esplêndido até a chegada de nossa de hora de entrar na fila, arregaçar as mangas e receber o tão sonhado imunizante. A cada dia, o noticiário nos mostra que essa jornada será mais difícil do que se poderia imaginar. As razões são múltiplas, mas deixam evidente a necessidade de estarmos atentos.

O primeiro desafio é driblar os movimentos antivacina, que têm disseminado inverdades e distorcido informações na tentativa de reduzir a adesão da população à vacinação. Contra esses grupos, a solução é orientar a todos sobre a importância de tomar sua dose de imunizante dentro dessa campanha. Os conselhos de medicina já abraçaram essa causa, tanto que lançam nos próximos dias uma campanha de esclarecimento sobre o tema.

Outro obstáculo importante tem origem diferente: a capacidade individual de respeitar as regras e agir eticamente em defesa dos interesses coletivos. Apesar do bom senso fazer imaginar que isso seria simples, não é. Não faltam informações sobre os “fura-filas”, uma tribo indigesta composta por pessoas que pensam somente em si. Por isso, desrespeitam as normas e não tem pudor de atropelar os grupos prioritários da vacinação no momento (médicos, profissionais da saúde e idosos). Contra essa ação indevida que pese o rigor da lei.

Vale ainda chamar a atenção para uma terceira razão negativa que tem campeado Brasil afora: o oportunismo político. De Norte a Sul, e até em Rondônia, caravanas com militantes e funcionários são organizadas para levar até o povo o acesso à vacina, que não é um presente dos políticos, mas uma obrigação do Estado para com seus cidadãos. O antídoto para esse tipo de situação reside no esclarecimento de todos sobre este tipo de abuso e na ação punitiva de órgãos de fiscalização e controle.

Expresso meu repúdio a essas três situações. Lamentável que no Brasil do século 21 atitudes dessa ordem coloquem em risco o êxito da campanha de vacinação contra a covid-19, uma ação que merece apoio e adesão ampla, geral e irrestrita.

Tenho certeza que esse sentimento de indignação não é exclusividade minha, pois muitos outros pensam da mesma maneira. Afinal, em momentos de crise, como o atual, devemos resgatar o melhor do que há no ser humano. Essas virtudes ajudam a tirar os obstáculos que caminham. Essa é uma das lições que a covid-19 deixa!

José Hiran Gallo

Diretor-Tesoureiro do CFM
Conselheiro do Cremero
Doutor e pós-doutor em Bioética

artigovacinacovid

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