O começo de um novo tempo

José Hiran da Silva Gallo 

Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina 

Pós-doutor e doutor e em bioética 

Há muito que fazer para recolocar o País nos trilhos. A equipe de governo de Jair Bolsonaro, recém-empossada em suas atribuições, sabe bem disso. Apesar de algumas iniciativas, as últimas gestões não lograram êxito em ações que prometiam consolidar o espaço do Brasil entre as nações mais desenvolvidas do mundo.

Em lugar disso, projetos pessoais ou partidários ou ideológicos enviesados atrasaram o passo do desenvolvimento e abriram espaço para práticas nada republicanas. Desse modo, a corrupção e os desmandos administrativos lesaram a máquina pública e dilapidaram a confiança da população nas instituições.

Eleito com 55% dos votos válidos, o novo presidente da República soube, como nenhum outro dos seus adversários nas Eleições Gerais de 2018, entender quais são os anseios da população. Foi com base nessa percepção que ele construiu os eixos sobre os quais ergueu sua plataforma. Foi assim que Jair Bolsonaro chegou ao poder, embalado nas promessas de oferecer ao Brasil mais segurança pública, mais emprego, combate à corrupção e ordem.

É natural, como têm destacado os cientistas políticos, que um político recém-eleito navegue em um mar de confiança junto aos seus eleitores. Por isso, nesses primeiros passos, o presidente acumula uma avaliação positiva dos cidadãos. Pesquisas de opinião revelam que até aqueles que votaram em outros nomes lhe estendem a mão em sinal de esperança de que o futuro seja melhor.

De acordo com o Ibope, 75% da população entende que Jair Bolsonaro e sua equipe estão “no caminho certo”. O levantamento, que ouviu mais de 2.000 eleitores em 127 municípios, revela ainda que 64% dos brasileiros têm a expectativa de que o próximo governo será “ótimo” ou “bom”. Para outros 18%, seu desempenho será regular, 14% acreditam que será “ruim” ou “péssimo” e 4% não responderam.

No entanto, a mudança de humor dos eleitores pode acontecer se, com o passar do tempo, as promessas de campanha não se materializarem e deslizes da equipe de governo passarem a ser rotina no noticiário. Ou seja, como todo namoro, caberá a Bolsonaro se manter alerta para sempre cortejar a população com medidas consistentes e com impacto efetivo para melhor de sua qualidade de vida.

Isso implicará, dentre outros pontos, acertar o passo da oferta de serviços de saúde na rede pública, que de norte a sul e leste a oeste passa por uma crise que se arrasta há décadas. Os próprios brasileiros identificam na área o principal obstáculo a ser superado pela nova equipe. Essa é a opinião de 46% dos brasileiros, que, na sequência, nomeiam como outros desafios o combate ao desemprego (45%) e à corrupção (40%) e a melhoria da segurança pública (38%).

Avalia-se que a indicação do ortopedista e deputado Luiz Henrique Mandetta para o Ministério da Saúde é um sinal positivo neste novo tempo. Pela primeira vez em muitos anos, o País contará com um ministro com preparo técnico e traquejo político suficiente para fazer os arranjos e os acordos necessários para assegurar valorização aos médicos e outros profissionais da área e qualidade no atendimento para pacientes e suas famílias.

Os desafios do Ministério da Saúde, desse modo, seguem proporcionais ao seu orçamento gigantesco de R$ 128 bilhões para o ano que se inicia. Como membro do Conselho Federal de Medicina (CFM), confio que há ventos promissores que sopram; contudo, entendo que dificuldades poderão surgir em meio a esse processo. Afinal, os nós do Sistema Único de Saúde (SUS) são inúmeros, o que exigirá um esforço considerável de todos para desfazê-los.

Esperamos que, a medida que os meses avancem, passemos a testemunhar a materialização das promessas que, por exemplo, reduzam o tempo de espera por um atendimento, encolham as filas de pacientes que aguardam para fazer uma cirurgia eletiva e reforcem o trabalho fundamental dos postos de saúde, os quais sofrem com a falta de estrutura e de incentivos.

É assim, sem amarras partidárias ou ideológicas, que poderemos construir uma nova Nação e contribuir para que os novos gestores façam seu trabalho, o que significa apontar eventuais equívocos e cobrar correções de rumos se for preciso. Afinal, vivemos numa democracia, onde tudo deve ser feito em favor do cidadão!

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