José Hiran da Silva Gallo
Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina
Pós-doutor e doutor em bioética
O número de casos de câncer de próstata no Brasil é bem maior do que pensamos. A cada dia, 42 homens morrem em decorrência dessa doença e outros cerca de 3 milhões lidam com os transtornos provocados por ela. Por ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) calcula o surgimento de 68.220 novos registros desse problema, que configura a segunda maior causa de morte por câncer em homens no País.
A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino responsável por produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto, sendo atravessada pela uretra, canal que se estende desde a bexiga até a extremidade do pênis e por onde a urina é eliminada.
Contra a doença, o melhor remédio é a prevenção, por isso, a população de Rondônia deve estar atenta à campanha Novembro Azul, que chama a atenção para o diagnóstico precoce do câncer de próstata e também para a saúde do homem de forma global. Trata-se de uma oportunidade de falar sobre bem-estar, sobre cuidados e sobre o fim de preconceitos na hora de buscar orientação médica, em especial junto aos urologistas.
O período recomendado para avaliação do risco de câncer da próstata começa aos 50 anos. Em homens de etnia negra, obesos mórbidos ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata deve começar mais cedo – aos 45 anos. Os exames deverão ser conduzidos, após consulta com um médico, de preferência especializado em urologia. Será uma oportunidade de troca entre pacientes e profissionais, quando dúvidas, cenários de risco e recomendações alimentam uma boa conversa.
Um ponto importante: a ida ao médico pode ajudar na descoberta de outros problemas de saúde. Além do câncer, os exames podem indicar um crescimento benigno da próstata, o qual atinge aproximadamente a metade da população masculina com mais de 50 anos. Esse quadro gera desconforto na micção e favorece o aparecimento da prostatite, que é a inflamação da glândula.
Por sua vez, o diagnóstico do câncer de próstata é feito por meio de biopsia, cuja indicação leva em conta diferentes aspectos, como o toque retal. O objetivo desse exame é detectar qualquer mudança na próstata (endurecimento, nódulos) que possa ter correlação com a presença do câncer. Apesar de desconfortável, é parte fundamental da avaliação prostática, servindo também para auxiliar na decisão da melhor forma de tratamento, caso o câncer esteja presente.
Já o teste do PSA, feito por meio de amostra de sangue, é o marcador mais utilizado no auxílio ao diagnóstico de câncer de próstata. Isoladamente, o PSA elevado não significa necessariamente o diagnóstico de neoplasia, por isso a necessidade do toque retal. Todos são exames complementares.
Infelizmente, por medo ou preconceito, muitos homens evitam a visita ao médico para fazer a avaliação da próstata. Pesquisa da Revista Saúde, em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida, feita em agosto passado, ouviu 2.405 homens em idade de fazer essa avaliação. Do total, 59% não costumam ir ao urologista. Entre os homens acima de 50 anos atendidos pela rede privada ou planos de saúde, 89% disseram já ter feito o PSA e 65% o exame de toque. Entre os atendidos pelo SUS, 45% nunca foram submetidos ao toque retal e 16% não fizeram o exame de PSA.
É hora de vencer essas barreiras e fazer o que é certo. Os homens devem seguir o exemplo das mulheres que, reconhecidamente, são atentas às necessidades de consultas e exames. Assim, em novembro, os amigos devem aproveitar para fazer sua parte e tomar todos os cuidados para que a vida continue sendo azul.