José Hiran da Silva Gallo
Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina
Doutor e Pós-Doutor em Bioética
Neste mês tenso, no qual o futuro se decide no voto e os humores de políticos e eleitores vão de zero a mil em questão de segundos, meu Porto Velho, capital de Rondônia, completou 104 anos no dia 2 de outubro. Definitivamente, não quero virar a página do calendário sem deixar aqui meu reconhecimento público e sincero a essa cidade pelo que representa para o estado e sua população.
É claro, e não adianta negar, que Porto Velho tem problemas. Não são poucos: o saneamento está distante do ideal e o acesso aos serviços públicos de saúde precisa ser ampliado. Também é necessário melhorar a mobilidade urbana, cuidando da manutenção das pistas e oferecendo alternativas atraentes e eficazes de transporte coletivo. A segurança pública é outra área que carece de atenção, assim como tantas outras.
Porém, não quero transformar este espaço num muro de lamentações – até porque, se estou diante de um copo pela metade, prefiro entender que está “meio cheio”. Àqueles que optam pela versão do “meio vazio”, apenas um conselho: não se tornem arautos do apocalipse, destilando suas insatisfações contra tudo e todos. Em lugar da crítica pelo prazer de fazer crítica, ofereçam soluções para o bem de todos.
Ora, pensem comigo. Porto Velho é capital jovem e em transformação, o que exige entender que, durante seu crescimento, sucederão erros e acertos. Nessa equação, o mais importante é participar ativamente, como cidadão, do desenvolvimento da cidade, com trabalho e senso crítico na hora de escolher seus futuros governantes.
Na minha “metade cheia do copo”, são esses homens e mulheres que terão a missão de catalisar esforços para que a parte vazia seja cada vez menor. Mas como eles poderão fazer isso? É simples: vendo e entendendo, com a ajuda da população, a cidade como ela é e promovendo seu crescimento a partir de suas vocações e possibilidades.
Não adianta querer reproduzir na região modelos implementados em outros locais. Porto Velho jamais será igual a Blumenau, Curitiba, Rio de Janeiro ou qualquer outro município do Sul ou Sudeste. Inclusive, mesmo que fosse esse o plano, lhe faltariam clima e geografia. Ou seja, não adianta reclamar por algo que nunca acontecerá, pois, a capital de Rondônia seguirá seu caminho buscando sua identidade própria.
A cidade de Porto Velho tem seus atributos – que, se valorizados, podem levá-la a situação muito melhor que a atual. Tem localização privilegiada no mapa e já é referência em termos de acesso a diferentes serviços para grande quantidade de municípios do interior, inclusive de estados vizinhos.
Possui, igualmente, potencial econômico vigoroso para se tornar um relevante centro produtivo do Norte do país, dando vazão ao agronegócio, desenvolvendo uma indústria capaz de agregar valor ao que vem do campo e oferecendo uma linha de serviços em condições de atender às necessidades dos moradores no que se refere a comércio, educação, lazer e saúde, sempre com qualidade.
Contudo, o principal atrativo de Porto Velho está em seu povo: trabalhador, empreendedor, criativo, hospitaleiro e apto a transformar as inúmeras dificuldades em combustível para a superação diária. É com essas pessoas que me identifico, no seu compromisso com a mudança (individual e coletiva) por um amanhã melhor.
Finalmente, em tempos tão conturbados como os atuais, espero que o povo de Porto Velho possa ignorar o clima de tensão que atravessa o Brasil e deixar o mês de aniversário da capital ainda mais motivado a prosseguir sua luta cotidiana, graças aos ventos de mudança que sopram neste fim de outubro.
Parabéns, meu Porto Velho!