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Conselho Regional de Medicina

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José Hiran da Silva Gallo 

 

Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina 

 

Doutor e pós-doutor em bioética 

 

 

Motivo de enormes polêmicas em 2013, ano de sua criação, o Programa Mais Médicos (PMM) volta a ocupar espaço de destaque no noticiário desde a segunda quinzena de novembro. Em um primeiro instante, o rompimento abrupto do acordo de cooperação firmado entre o governo de Cuba e o Brasil demonstrou como essa iniciativa foi desenhada com dois objetivos centrais: 1) gerar recursos financeiros para aquele país com a venda de serviços; e 2) atender interesses ideológicos e partidários de gestões anteriores no Palácio do Planalto.

Essas questões já foram abordadas no artigo “Por mais saúde para o Brasil”, publicado em 21 de novembro nesta coluna. No entanto, creio ainda ser importante retomar o tema, pois, infelizmente, há questões que vêm sendo distorcidas em diferentes esferas, insistindo-se na tese de que os médicos brasileiros não têm compromisso com a população e responsabilizando-os por eventuais problemas na assistência. São mentiras, falácias e contradições danosas para o País.

Tais argumentos são infundados e beiram a má-fé. Historicamente, os médicos do País, inclusive em Rondônia, têm atendido a população com o melhor de sua técnica, mesmo sob condições adversas. Esses profissionais ajudaram a construir e implementar as bases do Sistema Único de Saúde (SUS) por conta de seu compromisso com a proteção do bem-estar, da saúde e da vida de indivíduos e comunidades.

No contexto atual, assiste-se a tentativa de elaborar uma narrativa falaciosa que, na verdade, oculta os reais problemas da assistência em saúde na rede pública brasileira. Parece que a materialização do médico em um posto de saúde estabelecerá de um segundo para outro uma nova realidade. Todos sabem que isso não ocorrerá.

Convenientemente, não se fala da falta crônica de recursos para compra de medicamentos e equipamentos. Ignoram-se as denúncias de corrupção. A baixa efetividade de ações e programas, que tem permitido que doenças que estavam erradicadas ou sob controle voltem a preocupar os especialistas, não é considerada relevante.

É certo que o médico – bem formado e habilitado para o exercício da profissão no País – é fundamental para que o atendimento adequado transcorra em sua plenitude nas capitais e nos rincões. Contudo, sua presença não garante a solução de todos os problemas decorrentes do descaso com a área da saúde na maioria dos municípios.

Deve-se ter em mente que, mais importante que interiorizar o profissional, é preciso interiorizar a medicina. Isso significa permitir que as populações de todas as localidades tenham assistência integral, o que implica ter o apoio de profissionais de diferentes categorias, inclusive o médico, e acesso a remédios, exames (de todos os tipos), procedimentos, internações e até cirurgias, se for o caso.

Está na hora de debelar essa cortina de fumaça levantada para culpabilizar médicos brasileiros e impedir que se enxerguem os reais responsáveis pelos problemas que afetam as comunidades, em especial as mais pobres. Nesse sentido, considero inadmissíveis declarações contidas em áudio gravado por uma funcionária do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), tema de reportagem do jornal Folha de S. Paulo na sua edição de 5 de novembro.

Na mensagem, que circulou em várias redes sociais, essa assessora (não identificada) orientava gestores municipais a não aceitar médicos brasileiros idosos e gestantes no Mais Médicos. Em determinado trecho, ela diz não ser possível aceitar “qualquer lixo” pelos municípios.

Os termos inadequados, no mínimo, foram objeto de questionamento formal do Conselho Federal de Medicina (CFM) ao Conasems. Em resposta, essa entidade se apressou em classificar o episódio como “uma manifestação infeliz de uma funcionária pressionada por um sem número de demandas recebidas”. Apesar da retratação, é nítido que uma fala nesse tom denota o grau de contaminação contra o médico que figura entre certos grupos, que têm interesse em definir um bode expiatório sobre quem lançar pedras.

Caros amigos, médicos e pacientes estão do mesmo lado. Ambos querem melhor gestão da saúde no País, seja para ter acesso a atendimento ou condições de exercer sua missão. É preciso ficar atento contra os acusadores de plantão para que seja possível se livrar da manipulação dos fatos que tanto mal fez ao nosso Brasil nas últimas décadas.

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