Dr. Rodrigo Almeida

Um ano do programa Mais Médicos e de acordo com a presidenta Dilma todos os problemas de saúde foram resolvidos.

Mas, o que esse programa fez neste ano?

Há muitos anos as prefeituras vêm reclamando do governo federal que ano após ano vem reduzindo o financiamento da saúde. Hoje, menos que 4% da receita corrente bruta estão sendo aplicados pelo governo federal, enquanto que municípios estão colocando mais que 20%, e os estados mais que 12%.

O governo federal fez tudo para que a PEC-29 fosse distorcida e não ocorresse aumento efetivo no financiamento. E claro, para diminuir a pressão de prefeitos e garantir aliados em véspera de eleições por que não mandar médicos para as prefeituras? Tudo bem até aí, apesar de o governo federal financiar médicos em municípios brasileiros, mas então veio o primeiro absurdo: se essas vagas não fossem preenchidas seriam convocados médicos formados no exterior, sem passar pelo exame de revalidação.

Mas se isso já é um absurdo, não parou por aí: convocaram intercambistas que sequer têm o domínio da língua portuguesa. Se não bastasse, 80% do salário desses intercambistas estão indo para Cuba, e essas pessoas ficaram no Brasil em situação similar à antiga escravidão.

Assim, essa seria a solução mágica de 15 mil “médicos” ou intercambistas que resolveria o SUS, mas na contra mão, leitos de emergências, leitos obstétricos e leitos psiquiátricos diminuindo e fechando. Santas Casas endividadas por uma tabela SUS completamente fora da realidade. Prefeituras transformando Hospitais em pronto atendimentos e encaminhando tudo para as capitais. Metaforicamente contratamos 15 mil jardineiros, mas onde estão os jardins?

E agora vem falar em mais especialista! Hoje em Rondônia, 50% dos médicos aqui formados saem do estado por falta de empregos, pois não conseguem vaga no programa Mais Médicos, já que estrangeiros sem CRM ocupam seus lugares, o que pode ser considerado uma afronta.

Um governo que não trata com a devida seriedade o problema da saúde pública, com um programa temporário, enganando a população não pode continuar, a mudança é necessária.

Carreira médica, residência médica para todos formandos, escolas médicas com estrutura e hospitais escolas é o mínimo que devemos ter para uma saúde pública com seriedade e qualidade.

Portanto, hoje temos “mais médicos” e menos medicina para a nossa população.


Rodrigo Almeida de Souza

Médico em Porto Velho-RO e atual tesoureiro do Conselho Regional de Medicina de Rondônia.
Este artigo reflete a opinião individual do autor.

 

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