José Hiran da Silva Gallo
Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina
Doutor e Pós-Doutor em Bioética
Atualmente, o estado de Rondônia conta com 2.744 médicos registrados e em condições de atender sua população. Cerca de 60% da categoria é composta por homens e o percentual de especialistas chega a 53%. Em termos de idade, a maioria (66%) tem no máximo 44 anos, ou seja, é um grupo jovem, inclusive com relação ao tempo de exercício da profissão.
Em Porto Velho, labutam 1.549 desses profissionais, que respondem pela saúde de pouco mais de meio milhão de pessoas, além daqueles que vêm de longe atrás de melhor estrutura assistencial. Como nos municípios do interior, a população médica da capital segue as mesmas tendências no que se refere à distribuição etária ou por sexo, conforme a Demografia Médica 2018.
Dentre as especialidades, no estado, as cinco que mais se destacam do ponto de vista numérico são: cirurgia geral (185 médicos), ginecologia e obstetrícia (182), pediatria (174), clínica médica (142) e ortopedia e traumatologia (102). Também possuem número maior de profissionais áreas como anestesiologia (94), oftalmologia (74), radiologia e diagnóstico por imagem (59), medicina do tráfego (59) e cardiologia (57).
Para não ficar apenas no universo do profissional graduado e em atividade, destaque-se que Rondônia conta com cinco escolas de medicina em funcionamento, que, juntas, oferecem 310 vagas para estudantes interessados em se preparar para o atendimento. Segundo a Radiografia das Escolas Médicas, três desses cursos ficam na capital e dois no interior. Quatro são particulares.
Esses números permitem fazer um rápido diagnóstico do perfil da população médica no estado, o que pode ser útil para quem assumirá a gestão dos serviços públicos no início de 2019, assim como para aqueles que serão parlamentares em favor das causas rondonienses, seja na Assembleia Legislativa, seja no Congresso Nacional, em Brasília (DF).
No Dia do Médico, comemorado neste 18 de outubro, vale relembrar aos políticos e aos tomadores de decisão alguns pontos importantes para a categoria, e também para os pacientes. Todos são aspectos-chave para que a qualidade do atendimento seja boa e as políticas públicas de saúde sejam bem avaliadas.
Em primeiro lugar, é preciso assegurar aos médicos as condições necessárias para que possam cumprir seu papel nos postos de saúde e nos hospitais. Trata-se de uma premissa básica, mas infelizmente ignorada ao longo dos anos. A falta de leitos de internação, insumos e medicamentos, bem como as instalações precárias ou improvisadas, são obstáculos ao ético e competente exercício da profissão.
Deve ser ressaltada também a necessidade de aperfeiçoar as estruturas em saúde já existentes no estado, como as do Hospital João Paulo II, mas sem ignorar a relevância de investir em centros de atendimento de referência em municípios do interior e até na capital.
Por exemplo, seria relevante contar com a construção de mais Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou mesmo de um serviço especializado em traumas e ortopedia. Num estado onde os acidentes de trânsito são recorrentes, essa medida seria mais que oportuna.
Pensando no futuro, outra lição deve ser feita: os Programas de Residência Médica existentes no estado precisam contar, entre outros itens, com mais recursos para a melhoria de sua infraestrutura voltada para ensino-aprendizagem e com a organização de carreira para seus preceptores, que dedicam tempo à formação dos especialistas sem maior retorno, salvo o prazer da missão cumprida.
Finalmente, o governo e o Legislativo de Rondônia devem adotar medidas que evitem a precarização do trabalho médico, situação que tem afastado os profissionais da rede pública e das áreas mais distantes. Valorizar o médico, oferecendo-lhe condições de trabalho e remuneração compatível com sua dedicação, preparo e responsabilidade, é uma ação justa e com impacto positivo para todos.
Essas medidas estão ao alcance daqueles que ocupam cargos públicos, eletivos ou não. No entanto, o rondoniense pode ajudar a fazer com que se tornem realidade, defendendo publicamente sua implementação. Assim, as prioridades percebidas pelos médicos contarão com poderosos aliados: você e sua família!
Neste 18 de outubro, assim, parabenizemos os médicos rondonienses pelo grande trabalho que têm realizado em nosso favor e em prol de nossos parentes e amigos – e até daqueles cidadãos que ainda não conhecemos.
Por tudo isso, ofereçamos aos profissionais da medicina o reconhecimento pelo seu compromisso na prevenção da doença e em defesa da vida e o desejo de que recebam o abraço de cada paciente, com seu apoio nas lutas empreendidas pelos médicos pela saúde de todos.