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Conselho Regional de Medicina

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*José Hiran da Silva Gallo*

_Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina_

_Pós-doutor e doutor em bioética_

A vida nos tem mostrado a importância de aprender com as experiências acumuladas ao longo do tempo. Isso acontece em todos os campos: nas relações pessoais, familiares, sociais e até políticas. Na área técnica, é o mesmo processo. Por isso, os gestores devem estar atentos à forma como os fenômenos se sucedem e pensar em soluções para responder a situações semelhantes que possam se repetir no futuro.

A pandemia de COVID-19, que tem deixado milhares de vítimas no Brasil e no mundo, certamente terá esse efeito educativo para aqueles que são responsáveis pela gestão da saúde. No País, não faltaram alertas ao longo dos anos, feitos por diferentes entidades, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), cobrando aumento nos investimentos na rede pública. Dentre outros pontos, sempre cobrou a ampliação do acesso da população a leitos de internação e de unidades de terapia intensiva (UTIs).

Reconhece-se que, em termos nacionais, houve movimentação para que essa cobertura fosse melhorada. Porém, as iniciativas sempre ficaram abaixo da expectativa dos especialistas e da população. Como resultado, as longas filas de pacientes aguardando internação ou autorização para fazer um procedimento ou cirurgia eletivos nunca pararam de crescer. Da mesma forma, nos hospitais, a demanda por UTIs também tem se mantido em alta.

Esse quadro deficitário, que existia em períodos de normalidade, ficou ainda mais agudo com a iminência de uma grande demanda sobre a rede pública por conta de pacientes com sintomas graves de COVID-19. Ou seja, além da pressão rotineira de pacientes politraumatizados, diabéticos, hipertensos, transplantados, renais crônicos, com AVC, em tratamento de câncer e com sistema imunológico fragilizado, entre outros, recairá sobre a rede de atendimento às demandas dos casos confirmados de coronavírus.

Os últimos dados divulgados pelo CFM, em 2018, davam conta de 331 leitos de UTI no estado de Rondônia. Desse total, 213 estavam na rede pública e os outros 118 no particular ou sob a gestão de planos de saúde. Esse volume representava 0,7% das unidades disponíveis em todo o País. Até o momento (03/10), houve o registro de contaminação pela COVID-19 de 10 pessoas, com um óbito. Acredita-se que, com o avanço da doença, esse número pode crescer, pressionando a rede existente.

Esperamos que as previsões não se concretizem, mas e no caso de se tornarem realidade? Ora, os números nos sugerem que, certamente, o atendimento da população enfrentará grande dificuldade, penalizando doentes e seus familiares e médicos e outros membros das equipes multiprofissionais. Talvez, o drama seria menor se os sucessivos governos tivessem assegurado a prioridade necessária à área da saúde, fazendo investimentos na qualificação da rede pública.

Mas não se vive de passado. Na verdade, temos que pensar no presente, que exige estratégias imediatas para fazer frente ao inimigo invisível que é o coronavírus e sua manifestação, a COVID-19. Temos a convicção de que essa crise será superada, mas, desde já, reiteramos um alerta: o futuro já nos cobra por respostas para que uma outra situação desse tipo não deixe o rondoniense tão inseguro e fragilizado. Agora é o tempo de começar a planejar e trabalhar por uma melhor assistência para a população do Estado.

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