*José Hiran da Silva Gallo*
_Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina_
_Pós-doutor e doutor e em bioética_
Toda a categoria profissional deve contar com o suporte de uma organização que fiscalize, regulamente e promova a sua atividade. Com a medicina não é diferente. Por isso, os 475 mil médicos brasileiros têm no Conselho Federal (CFM) e nos Conselhos Regionais ligados à sua profissão o apoio para que continuem a fazer diagnósticos e prescrever tratamentos em prol da saúde, do bem-estar e da vida da população.
Mas essas instituições não existem por si só. Elas são a resultante da atuação de seus membros: homens e mulheres, eleitos por seus pares para promover o avanço do conhecimento, a boa formação e a ética nos espaços de prática profissional.
No fim de agosto, em todos os estados, acontecerá a eleição para definir quem representará a população médica no CFM no período de outubro de 2019 a setembro de 2023. Essa votação merece ser objeto de muita cautela, pois os vencedores terão imensa responsabilidade no exercício da atividade.
Cabe aos integrantes desse grupo trabalhar em defesa dos interesses dos médicos, da medicina e da população. Trata-se de função honorífica, ou seja, sem direito a remuneração, contrário ao que muitos pensam. Contudo, esse detalhe não impede que os conselheiros eleitos tenham que se desdobrar na consecução de seus papeis, muitas vezes atravessando noites ou usando seus fins de semana para participar de reuniões ou analisar documentos.
De cada um deles é esperado empenho, responsabilidade e compromisso com o bem individual e coletivo. Por isso mesmo, devem acumular outras qualidades. Além de solidários e conhecedores da realidade de cada local, são pessoas que devem possuir trajetórias técnica e ética irrepreensíveis, já que deverão estabelecer normas para o exercício profissional, bem como analisar denúncias e julgar processos em tramitação.
De modo complementar, considerando o espaço político ocupado pelo CFM no debate sobre as políticas públicas e outros assuntos de grande relevância, os conselheiros precisam expressar sabedoria e visão estratégica, considerando-se que suas decisões podem ter impacto e repercussão na vida de milhares ou até milhões de pessoas.
Assim, apesar de ser a eleição onde apenas um grupo restrito de pessoas pode votar, é pertinente dizer que o resultado tem repercussão bem mais ampla. Por isso, a concessão do voto a ser dado pelos médicos deve ser resultante de reflexão para que essa escolha traga benefícios para todos.