“Encontramos unidades sem, sequer, serem pintadas nos últimos anos”, disse Cleiton Bach, vice-presidente do Cremero responsável pelas fiscalizações

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero) realizou fiscalizações em todas as Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família de Porto Velho. O vice-presidente do Conselho Cleiton Bach, responsável pelas inspeções feitas no fim do mês de março e começo de abril, chamou a atenção para o estado de abandono que se encontram as unidades da capital, com problemas que podem prejudicar o atendimento feito à população.

“Encontramos unidades de saúde da família sem manutenção e abandonadas, sem, sequer, serem pintadas nos últimos anos. Alguns locais foram construídos recentemente e estão com a estrutura mantida por causa do tempo, mas outros realmente estão caindo aos pedaços”, alertou consternado.

O relatório elaborado pelo Cremero aponta para situações importantes como estrutura física com infiltrações, mofo e goteiras, que dificultam o trabalho médico, pois predispõe a doenças respiratórias, tanto para o profissional quanto ao paciente que procura a unidade.

Entre as unidades de saúde da família que mais chamaram a atenção, o vice-presidente destacou a situada no bairro Nova Floresta. Segundo Cleiton, o local é o mais abandonado, com um matagal em volta que tomou conta da estrutura toda.

Outro aspecto marcante é a falta de medicamentos básicos. Remédios como captopril, nifedipina e metformina, que servem para tratar inclusive diabetes e hipertensão, doenças crônicas progressivas, dificilmente são encontrados nos estoques dos postos. “Se o diabetes e a hipertensão não forem tratados, a pessoa pode ter um infarto, um derrame, e vai acabar lotando as nossas unidades de emergência e as nossas UTIs, porque nas unidades de saúde da família onde se procura atendimento não têm um simples tratamento para ela”, destacou Cleiton informando a ausência de cefalexina, medicamento para infecção que é um dos antibióticos mais importantes do arsenal terapêutico.

Além da falta de remédios, problema que sempre é observado nas fiscalizações do Conselho, outra questão também foi relatada. Existem unidades de saúde da família que foram construídas há cerca de sete anos e que não obedecem as condições mínimas para funcionar como tal. Algumas não têm área de expurgo ou área de esterilização. São locais feitos sem critérios, sem planejamento, sem arquitetura adequada e tudo isso culmina em um atendimento deficitário para a população.

Programa de Saúde da Família – O Programa da Saúde da Família é a base da saúde pública. O vice-presidente do Cremero entende que se ele não for implementado e valorizado, as unidades de emergência sempre terão sobrecarga e faltará vaga nas UTIs.

Segundo Cleiton, cada equipe da saúde da família é responsável por uma área, e em Porto Velho tem muitos setores descobertos, o que é prejudicial, porque as pessoas não têm um atendimento adequado. Alertou ainda para a falta de agentes comunitários responsáveis por observar as condições em que vivem os cidadãos. “A saúde não se resume só ao atendimento médico. Tem grande relevância as condições de saneamento básico, inclusive locais com água parada, que podem ocasionar dengue”, frisou.

Aspectos positivos das fiscalizações – Um aspecto que chamou a atenção positivamente é que não foram observadas reclamações a respeito do atendimento. Os usuários estão satisfeitos, mesmo apesar da precariedade de estrutura e da falta de medicamento que são coisas básicas. “Acho que com boa vontade e dedicação dos gestores, poderíamos conseguir tornar eficiente o sistema de saúde de Porto Velho”, avaliou.

Ações após as inspeções – Cleiton informou que o Cremero já entrou em contato com os médicos e com os gestores para saber o que poderá ser feito de imediato, visando a melhoria das unidades básicas de saúde de Porto Velho. Ainda ressaltou que as ações do Conselho são feitas em parceria com o Ministério Público, que também acompanha a situação da saúde da capital.